Introdução aos conjuntos
No estudo de Conjuntos, trabalhamos com alguns conceitos primitivos, que devem ser entendidos e aceitos sem definição. Para um estudo mais aprofundado sobre a Teoria dos Conjuntos, pode-se ler: Naive Set Theory, Paul Halmos ou Axiomatic Set Theory, P. Suppes. O primeiro deles foi traduzido para o português sob o título (nada ingênuo de): Teoria Ingênua dos Conjuntos.
Alguns conceitos primitivos
- Conjunto
- O conjunto de todos os brasileiros
- O conjunto de todos os números naturais
- O conjunto de todos os números reais tal que x2-4=0
Em geral, um conjunto é denotado por uma letra maiúscula do alfabeto: A,B,C,...,Z.
- Elemento
- José da Silva é um elemento do conjunto dos brasileiros.
- 1 é um elemento do conjunto dos números naturais.
- -2 é um elemento do conjunto dos números reais que satisfaz à equação x 2 - 4 = 0.
Em geral, um elemento de um conjunto, é denotado por uma letra minúscula do alfabeto: a,b,c,...,z.
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- Pertinência
- José da Silva pertence ao conjunto dos brasileiros.
- 1 pertence ao conjunto dos números naturais.
- -2 pertence ao conjunto de números reais que satisfaz à equação x 2 - 4 = 0.
Se um elemento pertence a um conjunto utilizamos o símbolo: , que se lê: "pertence". Para afirmar que 1 é um número natural, escrevemos:
Para afirmar que 0 não é um número natural, escrevemos:
Um símbolo matemático para a negação é a barra /.
Algumas notações para conjuntos
Um conjunto é denotado, muitas vezes com elementos dentro de duas chaves { e }, através de duas formas básicas e de uma forma geométrica:
- Apresentação
Os elementos do conjunto estão dentro de duas chaves { e }.
- A = { a, e, i, o, u }
- N = { 1, 2, 3, 4, ... }
- M = { João, Maria, José }
- Propriedade
O conjunto é descrito por uma ou mais propriedades.
- A = { x : x é uma vogal}
- N = { x : x é um número natural}
- M = { x : x é uma pessoa da família de Maria}
- Diagrama de Venn-Euler (lê-se: "Ven-óiler")
Os conjuntos são mostrados graficamente.
Subconjuntos
Dados os conjuntos A e B, diz-se que A está contido em B, denotado por , se todos os elementos de A também estão em B. Algumas vezes diremos que um conjunto A está propriamente contido em B, quando o conjunto B, além de conter os elementos de A, contém também outros elementos. O conjunto A é denominado subconjunto de B e o conjunto B é o superconjunto que contém A.
Alguns conjuntos especiais
- Conjunto vazio
Conjunto que não tem elementos. É representado por { } ou por Ø. O conjunto vazio está contido em todos os conjuntos.
- Conjunto universo
É o conjunto que contém todos os elementos do contexto no qual estamos trabalhando e também contém todos os conjuntos desse contexto. O conjunto universo é representado por uma letra U quadrada. Na sequência não mais usaremos o conjunto universo.
Reunião de conjuntos
A reunião dos conjuntos A e B é o conjunto de todos os elementos que pertencem ao conjunto A ou ao conjunto B.
Interseção de conjuntos
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto de todos os elementos que pertencem ao conjunto A e ao conjunto B.
Quando a interseção de dois conjuntos A e B é o conjunto vazio, dizemos que estes conjuntos são disjuntos.
Propriedades dos conjuntos
- Fechamento
Quaisquer que sejam os conjuntos A e B, então a reunião de A e B, denotada por A U B e a interseção de A e B, denotada por AB, ainda são conjuntos no universo.
- Reflexiva
Qualquer que seja o conjunto A, tem-se que:
A U A = A
A A = A
- Inclusão
Quaisquer que sejam os conjuntos A e B, tem-se que:
A A U B,
B A U B
A B A , A B B
- Inclusão relacionada
Quaisquer que sejam os conjuntos A e B, tem-se que:
AB <=> AUB=B
AB <=> AB=A
- Associativa
Quaisquer que sejam os conjuntos A, B e C, tem-se que:
A U ( B U C ) = ( A U B ) U C
A(BC) = (AB)C
- Comutativa
Quaisquer que sejam os conjuntos A e B, tem-se que:
AUB=BUA
AB=BA
- Elemento neutro para a reunião
O conjunto vazio Ø é o elemento neutro para a reunião de conjuntos, tal que para todo conjunto A, se tem:
A U Ø=A
- Elemento "nulo" para a interseção
Se tomarmos a interseção do conjunto vazio Ø com qualquer outro conjunto A, teremos o próprio conjunto vazio.
AØ=Ø
- Elemento neutro para a interseção
O conjunto universo U é o elemento neutro para a interseção de conjuntos, tal que para todo conjunto A, se tem:
A U = A
- Distributiva
Quaisquer que sejam os conjuntos A, B e C, tem-se que:
A ( B U C ) = ( A B ) U ( A C )
A U ( B C ) = ( A U B ) (A U C )
Diferença de conjuntos
A diferença entre os conjuntos A e B é o conjunto de todos os elementos que pertencem ao conjunto A e não pertencem ao conjunto B.
Complemento de um conjunto
O complemento do conjunto B contido no conjunto A, denotado por
C BA, é a diferença entre os conjuntos A e B, ou seja, é o conjunto de todos os elementos que pertencem ao conjunto A e não pertencem ao conjunto B.
Quando não existe dúvida sobre o universo U em que trabalhamos, simplesmente utilizamos a letra c colocada como um expoente no conjunto, para indicar o complemento deste conjunto.
Alguns exemplos especiais são:
Leis de Augustus De Morgan
O complementar da reunião de conjuntos é a interseção dos complementares desses conjuntos.
O complementar da interseção de conjuntos é a reunião dos complementares desses conjuntos.
Diferença simétrica
A diferença simétrica entre os conjuntos A e B é o conjunto de todos os elementos que pertencem à reunião dos conjuntos A e B e não pertencem à interseção dos conjuntos A e B.
Exercício: A partir de conjuntos A, B e C, mostrar que:
- A=Ø se, e somente se, B é a diferença simétrica entre A e B.
- Com base no ítem anterior, concluir que o conjunto vazio é o elemento neutro para a operação de diferença simétrica.
- A diferença simétrica é comutativa.
- A diferença simétrica é associativa.
- A diferença simétrica entre A e A é o conjunto vazio.
- A interseção entre A e a diferença simétrica de B e C é distributiva, isto é:
- A diferença simétrica entre A e B está propriamente contida na reunião das diferenças simétricas de A e C e de B e C, isto é:
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